Atualmente são frequentes as críticas de professores, jornalistas e escritores à falta de capacidade das pessoas para falar e escrever corretamente a nossa língua. No último exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – uma prova que os bachareis em Direito devem realizar para terem o direito de exercer a advocacia – abundaram as chamadas “pérolas”, barbaridades escritas pelos candidatos, todos – imaginem – formados em Direito. Querem ler algumas? Lá vai:
• – “Perca do praso”, em vez de perda de prazo.
• – “Prossedimento”, e não procedimento.
• – “Respaudo”, no lugar de respaldo.
• – “Inlícita”, no lugar de ilícita.
• – “Exmo. Sr. Desembargador do Supremo Tribunal Federal”, em vez de “Exmo. Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal”, já que não existem desembargadores no STF, coisa que todo bacharel em Direito tem obrigação de saber.
• – Atribuição de nota “‘trez'”, em vez de três.
• – “Consideração do raciocínio jurídico pouco favorável ao “‘pasciente'”, e não ao paciente.
• – “Observação que o candidato não ‘sitou’ a outra corrente”, no lugar de citou.
Agora pensem: se bachareis em Direito, candidatos a advogados, escrevem dessa forma, imaginem o resto da população… Aliás, essa tragédia cultural não é coisa recente.
Contam até que, certa vez, o famoso jurista e escritor Ruy Barbosa examinava candidatos a um cargo público e perguntou a um dos candidatos: “O senhor sabe ler e escrever?” Com cara de ofendido, o sujeito respondeu: “Eu sou advogado!…” E o Ruy indiferente: “Não me interessa se o senhor é advogado; eu perguntei se sabe ler e escrever!”
A linguagem é o código que temos para nos comunicar uns com os outros. A deterioração deste código pode acabar resultando na desintegração dos padrões lingüísticos. Imaginem cada um de nós falando e escrevendo de forma diferente. O entendimento entre as pessoas – que já não é lá essas coisas – ficará totalmente comprometido.
O advento da Internet veio complicar ainda mais a situação. Os internautas, principalmente adolescentes desocupados e semialfabetizados, inventaram uma nova linguagem que eles chamam de “internetês”. Neste idioma maluco, fruto da preguiça de escrever corretamente, “não” é “naum”, “porque” é “pq”, “também” virou “tbm”, “beleza” é “blz” e vão por aí dezenas, senão centenas, de palavras esdrúxulas e abstrusas, não registradas em nenhum dicionário da língua portuguesa. Diante disso, pensem na dificuldade que tem um estrangeiro que tenta aprender o Português ou mesmo uma criança em fase de alfabetização.
A Internet e a TV são os maiores responsáveis pelo desprezo que, atualmente, as pessoas demonstram pelos livros. E, no entanto, não existe melhor maneira de aprender a falar e escrever bem o nosso idioma do que ler bons livros. É muito mais lendo, do que decorando enfadonhas e complicadas regras gramaticais, que se adquire fluência idiomática.
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O projeto Leitura no Bosque, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, é uma iniciativa que visa precisamente estimular o hábito da leitura na população de São José. Implantado inicialmente no Parque Vicentina Aranha, em março deste ano, o projeto oferece espaço especial para crianças e adultos e um acervo com cerca de 800 livros. Outra atividade que segue o mesmo modelo é a Barganha Literária, um local específico para troca de livros. Quem deseja trocar livros já lidos por outros, tem na Barganha Literária o local mais indicado.
Horários
O projeto Leitura no Parque acontece aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas nos parques Vicentina Aranha e Roberto Burle Marx, com entrada franca. Mais informações podem ser obtidas através do telefone 12 3924.7317. Acesse o portal da Fundação Cultural Cassiano Ricardo: http://www.fccr.org.br.
Lá você encontrará todas as informações sobre projetos, espaços, editais, uma agenda cultural de São José e muito mais.
Não esqueça: povo sem cultura é povo cego, surdo e mudo.