Levantamento aponta que trânsito do Vale é o mais perigoso

Mais de dois motociclistas são internados por dia, em média, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, em razão de acidentes no trânsito. Inédito, o levantamento foi feito pela Secretaria de Estado da Saúde com base no atendimento feito nos hospitais públicos estaduais em todo o Estado de São Paulo.

Na RMVale, o número de internações de motociclistas cresceu 18,76% em três anos, saltando de 762 em 2008 para 905, em 2011. A região está em quarto lugar no ranking estadual que enumera a quantidade de internações de motociclistas feitas em 2011.

Das 16 regionais de Saúde do Estado, descontando a Grande São Paulo, a RMVale perde apenas para Ribeirão Preto (1.472), Campinas (1.353) e Sorocaba (1.120) em número de internados. Segundo a Secretaria da Saúde, a pesquisa servirá de referência para campanhas de conscientização dos motociclistas, principalmente para usarem equipamentos de segurança, participarem de cursos e respeitarem as normas de trânsito.

“A imprudência é a principal causa dos acidentes”, disse o cirurgião Caio Soubhia Nunes, diretor técnico do Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté. Por si só, segundo ele, andar de motocicleta oferece um risco inerente ao veículo. O problema é ainda maior quando entra a imprudência.

“Cair com a moto parada já pode causar uma fratura exposta, que deixa o motociclista seis meses sem poder trabalhar”, afirmou o médico. Tendo chefiado a unidade de emergência do Hospital Regional por sete anos, Nunes está acostumado a atender motociclistas.

Para ele, as lesões que eles apresentam estão entre as mais graves entre todos os motoristas. São traumas graves que, não raro, levam à morte ou deixam sequelas incapacitantes. “O pior é que a maioria dos acidentados tem entre 20 e 40 anos, faixa economicamente ativa da população. Isso atrapalha demais e causa prejuízos à economia”, disse.

De acordo com o levantamento da Secretaria da Saúde, o Estado de São Paulo gastou R$ 27,2 milhões com internações de motociclistas em 2011, valor 76% maior do que os R$ 15,4 milhões aplicados em 2008. “O aumento se deve à maior complexidade dos casos. Os acidentes estão cada vez mais violentos”, disse Julia Greve, médica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Presidente do SindimotoVale, Benedito Carlos dos Santos, o ‘Natu’, defende a separação entre os motociclistas profissionais, que trabalham com o veículo, daqueles eventuais. Segundo ele, a primeira categoria tem mais cuidado com a segurança, em razão de depender do trabalho. Mas ele admite que há profissionais que exageram sobre rodas. “Defendemos o curso obrigatório para os motoristas profissionais, além dos equipamentos se segurança”, disse Santos. “Não é sem motivo, mas para aumentar a segurança dos motociclistas.”

O Vale

Publicado em: 21/02/2013

Clube de Motociclista da cidade comemoram 23° aniversário

Motocicleta, velocidade e rock’n roll. A paixão por essas três coisas uniu cerca de 4.000 pessoas de todas as regiões do Brasil em um clube. Trata-se do Abutre’s, o maior motoclube do país, que comemorou 23 anos, na última segunda-feira e prepara festa de arromba marcada para o mês de dezembro.

No Vale do Paraíba, o motoclube tem três unidades, chamadas de Facções São José, Taubaté e Lorena que agregam membros de todas as cidades da região, somando cerca de 200 sócios. Para fazer parte do Abutre’s é preciso ser homem, ter mais de 25 anos, possuir uma moto preta e ser convidado por alguém que já seja sócio.
Uma vez aceito, o candidato deverá passar por uma série de provações para mostrar que se encaixa na filosofia do clube.

“Não importa a cor, o credo, a condição financeira, o tipo da moto ou a profissão. Todos são tratados igualmente”, afirma Dinho Amaral, 38 anos, designer de motocicleta e responsável pela facção joseense. O engenheiro eletricista Tadeu Tazinato, 31 anos, o Cigano, ingressou no clube há quatro meses. “Já andava com o pessoal há 13 anos. E agora resolvi me filiar”.

Nenhum membro gosta de revelar quanto gasta com as suas motos. Mas não é pouco. “Não sei, na verdade, quanto já investi em cada uma das motocicletas que tive”, afirma Tazinato, 31 anos, que contabilizou 15 motos. “Acho que gosto de moto desde que nasci. Troco, em média, uma vez por ano”, disse.

Amaral também não revela o preço gasto na brincadeira. “Tenho uma Harley-Davidson e a minha preferida: uma Chooper, que eu levei três anos para construir e é totalmente artesanal. A apelidei de Vadia”, contou o designer.  O motoclube incentiva os seus membros a caírem na estrada sem medo, assim, histórias boas (e ruins!) não faltam ao grupo.

“Uma vez, nos perdemos em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, e acabamos encontrando um senhor muito simples que estava comemorando o seu aniversário. Foi uma noite regada a bate-papo e boa comida”, afirmou Amaral.

Uma das regras do clube é o respeito ao senso de coletividade. “Já aconteceu de eu quebrar a moto em uma estrada. Tive de ligar para o diretor da facção local, que mandou o membro que estava mais próximo ir ao meu encontro”, disse Tazinato. “Nós nos ajudamos em qualquer lugar. Abutre em São Paulo ou no Acre é a mesma coisa. No fim, somos um só”, afirmou.

O Vale