Gavião-pega-macaco em SJCampos

Por meio de observações em diversas áreas do Parque Natural Municipal Augusto Ruschi, um casal de biólogos está estudando os hábitos do gavião-pega-macaco, uma ave de rapina que está em extinção em várias partes do país e é considerada em situação vulnerável no estado de São Paulo.
A espécie costuma ter seu habitat somente em áreas de floresta preservada e se alimenta de animais de pequeno e médio porte.

 O trabalho, iniciado no ano passado, é iniciativa voluntária dos biólogos Bruno Damiani e Lilian Silvério, formados pelo Centro Universitário de Votuporanga. Os biólogos fazem trabalhos de campo para observar os hábitos da ave e fotografá-la, além de registrar dados sobre a quantidade de indivíduos, frequência com que aparecem e reprodução.

 O gavião-pega-macaco, nome científico Spizaetus tyrannus, é uma ave de rapina considerada “predadora topo de cadeia alimentar”, de regiões de florestas, desde o sudeste do México, América Central, até o Sul do Brasil.
Segundo a fundação Parque Zoológico de São Paulo, nos últimos 50 anos, a ocorrência da espécie ficou restrita à costa atlântica paulista. No estado, devido ao desmatamento e à caça, é considerado vulnerável à extinção.

 Inicialmente, os pesquisadores realizaram expedições de reconhecimento da área e estabeleceram um ponto fixo de observação, com visão panorâmica. Logo nas primeiras incursões foi identificada existência de um casal de gaviões-pega-macaco, além de outras espécies também citadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo, como o gavião-pombo-grande (Leucopternis polionotus) e o gavião-cauda-curta melânico (Buteo brachyurus).

 Lilian Silvério conta que o gavião-pega-macaco exerce uma função chamada “guarda-chuva”, pois ajuda a manter o equilíbrio ambiental de toda a cadeia presente nesse ecossistema. “Com a ausência de um predador natural, outras espécies podem se reproduzir demais, e aí acontece o desequilíbrio ecológico, que afeta inclusive a vegetação”, afirma. A pesquisa também aponta para a necessidade de preservação de fragmentos de floresta próximos ao Parque, que constituem habitat dessas aves.

 Bruno destaca que São José dos Campos é uma das cidades com destaque na observação de pássaros no país. No entanto essa observação feita por apreciadores ou pesquisadores nem sempre é registrada e revertida em conhecimento da sociedade. “Queremos que essa pesquisa se reverta para a sociedade como fonte para a educação ambiental e seja precursora de outras pesquisas. É importante que a população conheça a riqueza da nossa fauna e reconheça a importância da sua preservação”.

 Parque Natural

 O Parque Natural Municipal Augusto Ruschi foi criado em 17 de setembro de 2010 e é a primeira Unidade de Conservação e Proteção Integral no município. Ele faz parte da na Área de Proteção Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e constitui importante remanescente de Mata Atlântica. A área total do parque é de 2,42 milhões de metros quadrados, com inúmeras nascentes, córregos, espécies vegetais e animais.

 Algumas espécies presentes no parque estão ameaçadas de extinção, como a jaguatirica, lobo-guará, sagui-da-serra-escuro, gato-do-mato-pequeno, jacu, onça parda e algumas aves. No Parque também está localizado o viveiro municipal, que produz mudas para arborização urbana e para programas de reflorestamento.
Como unidade de conservação e proteção integral, o Parque garante a preservação de biodiversidade em seu estado natural e é utilizado exclusivamente para pesquisas científicas e atividades de educação ambiental.

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de São José dos Campos