Cidade tem investimento da GM criando distrito

O investimento de R$ 2,5 bilhões que a General Motors poderá injetar na produção de um novo carro em São José dos Campos vai incentivar a implantação de um distrito industrial com 15 novas empresas fornecedoras da cadeia automotiva.  Essas empresas seriam fornecedoras estratégicas de conjuntos e sistemas automotivos para a GM.

São José disputa com outros dois países o investimento, que, segundo a empresa, deve ser definido em junho. Para a GM, é interessante ter um cinturão que funcione no sistema ‘just in time’, com os principais fornecedores bem ao lado da empresa. Com esse sistema, as peças podem ser utilizadas assim que chegam à linha de montagem, sem a necessidade de formação de estoques.

A Prefeitura de São José dos Campos já se comprometeu a criar esse novo distrito industrial para abrigar os fornecedores da empresa, caso o investimentos de consolide. A prefeitura também disse que vai abrir mão de impostos municipais, como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto sobre Serviços). Por meio da agência Investe São Paulo, o governo estadual também pode retirar impostos.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sebastião Cavali, disse por meio da assessoria de imprensa, que “o novo distrito atenderá prioritariamente a cadeia automotiva, mas outros setores produtivos também deverão ser contemplados”. Para o diretor de Relações Institucionais da GM, Luiz Moan, a criação do distrito diminuirá os custos da empresa com a compra de materiais de fornecedores. “Poderemos trazer fornecedores de fora do país, com novos investimentos para São José”, afirmou.

O VALE apurou que o novo distrito deve ser implantado na região leste, numa área com mais de 1 milhão de metros quadrados, entre a GM e o viaduto Santa Inês. O diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Almir Fernandes, estima que o distrito industrial com 15 empresas sistemistas, poderá gerar até 3.000 novos empregos.  “A fábrica da GM em São José precisa do investimento de R$ 2,5 bilhões para continuar a existir. Acredito que, um investimento desse porte, pode gerar até 3.000 novos empregos. Com mais as empresas sistemistas, teremos 6.000 novos postos de trabalho em São José”, avaliou.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, disse que não tem muitas informações sobre o novo distrito que pode ser implantado na cidade, mas que ele aprova a sua criação. “O sindicato vai querer uma área para instalar uma subsede no local e também vai querer representar os trabalhadores das empresas que vierem a se instalar no local”, disse.

A GM emprega cerca de 6.600 funcionários em São José, sendo 750 no MVA (Montagem de Veículos Automotores), que vai encerrar a produção no final deste ano. Os modelos produzidos são S-10, Blazer, motores e Classic. Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, acusou o PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Câmara de realizar uma campanha contra o sindicato.

Segundo ele, uma panfletagem realizada ontem pela manhã na praça Afonso Pena, zona central de São José, e material entregue nas casas coloca moradores da cidade contra o Sindicato dos Metalúrgicos. O panfleto informa que a cidade corre o risco de perder investimentos da GM e empregos por causa da posição ‘truculenta’ adotada pelo Sindicato dos Metalúrgicos. “Não entendo porque eles estão se colocando contra nós. Estamos lutando pelo direito dos trabalhadores, que inclusive estão revoltados com o que está escrito no panfleto”, afirmou Barros.

O prefeito Carlinhos Almeida (PT) informou em nota que a prefeitura busca unir a todos no processo. “Respeitamos a legitimidade do sindicato e da direção da empresa na negociação e apostamos no diálogo e bom senso.” A presidente da Câmara, Amélia Naomi (PT), não foi localizada.

Acontece amanhã na regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, a partir das 15h, a quarta reunião entre representantes da General Motors e do Sindicato dos Metalúrgicos de São José. A GM anunciou que encerrará a produção do MVA (Montagem de Veículos Automotores) em dezembro e provocar a demissão de 750 trabalhadores.