A Secretaria de Saúde de São José dos Campos realizou, desde agosto do ano passado, 28 Atendimentos Ampliados no Hospital Municipal, na zona leste, os chamados “mutirões”. No total, foram oferecidas 7.500 consultas médicas em especialidades como ortopedia e dermatologia. O problema está no índice de faltas da população, que não compareceu a 35% dos atendimentos oferecidos.
Mesmo assim, segundo a prefeitura, os mutirões surtiram efeito. De acordo com os dados, 64 mil pessoas esperavam por consultas antes da força-tarefa. Hoje, a fila é estimada em 37 mil redução de 42%. Apesar da redução estatística, a eficácia do sistema de mutirões é questionado por especialistas, que apontam falta de investimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) tidas como a solução para o gargalo do setor.
O VALE tentou por dois dias contato com o secretário de Saúde, Danilo Stanzani, para que ele fizesse um balanço dos mutirões, mas não houve retorno. Para o presidente da APM (Associação Paulista de Medicina) em São José dos Campos, Sérgio Ramos, os mutirões não resolvem os problemas da saúde pública. “Se a gente conseguisse que as pessoas fossem atendidas na rede básica de saúde mais de 90% dos problemas seriam resolvidos”, disse Ramos.
Para ele, além de um maior investimentos nas UBSs, é necessário mudar o que ele afirma ser um problema cultural. “Hoje, se a pessoa tem uma dor de cabeça, vai no neurologista. Mas pode ser um stress, um mal estar qualquer, que no clínico geral já resolveria. Os mutirões são para atendimentos de especialistas, mas quem diz que determinado problema é de especialista?”, afirmou.
Em relação ao elevado índice de faltas aos atendimentos nos mutirões, o representante da APM em São José disse que essa é uma realidade também do setor privado. “De 10% a 30% dos atendimentos nos consultórios não acontecem porque o paciente faltou. Essa é uma cultura do brasileiro, infelizmente. Acredito, que para diminuir essa realidade, seja preciso a adoção de algumas sanções”, afirmou Ramos.
Para a diretora do Sindicato dos Servidores de São José, Zelita Ramos, os mutirões só deveriam ser adotados em casos emergenciais, como algum surto na cidade. “O mutirão não oferece o acompanhamento contínuo do paciente. É preciso mais médicos nas UBSs, onde se for detectado um problema mais sério será possível fazer algo. Os mutirões foi só servem para diminuir a fila de consultas”.
O Vale
Publicado em: 13/12/2012