Uma criança chega em um espaço cultural e pouco se interessa pelo o que tem por lá. Até que desenhos coloridos e seus super-heróis favoritos a chamam a atenção, em uma espécie de gibi gigante. Aos adultos, é saudosismo, as lembranças da infância e a curiosidade. Os ídolos são os mesmos e mal se sabia o quão antiga é a história deles.
O espaço cultural é o Flávio Craveiro, no Dom Pedro 1º, em São José dos Campos. E a exposição que chama a atenção é a “História das Histórias em Quadrinhos”, aberta a visitação gratuita até o dia 30 de maio. “A gente tem uma demanda muito grande na região para este tipo de evento”, afirmou o agente cultural do espaço, Paulo César da Silva.
Montada pelo curador e professor da USP (Universidade de São Paulo) Álvaro de Moya, a história contada na exposição começa em 1827, com o M. Vieux-Bois, do professor suíço Rudolph Töpffer, considerado um dos precursores da “literatura em estampas”, passa pela criação de diversos personagens famosos até hoje e chega a 1990.
Aliás, foi na década de 1920 que surgiram nos quadrinhos boa parte de personagens preferidos por crianças e até adultos. Entre eles, estão o Gato Félix (1923), Mickey Mouse (1929), Tarzan (1929), Popeye (1929) e Tintin (1929). Os super-heróis chegaram no final da década de 1930. O Super Homem (1938) foi um grande sucesso desde o início e deixou quase na miséria seus jovens criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, que não detinham os direitos autorais. Ele também marcou o início dos gibis, com histórias completas.
Em 1939, foi a vez da criação do Capitão Marvel, de C. C. Beck, e do cavaleiro das trevas Batman, de Bob Kane.
Logo em seguida, em 1941, o Capitão América, de Joe Simon e Jack Kirby, e, em 1942, o famoso Pato Donald, de Carl Barks. O Homem Aranha chegou em 1962, pelas mãos de Stan Lee e Steve Ditko. Com este super-herói, o editor da Marvel consolidou-se como um doa maiores criadores de mitos nos gibis. O Garfield, outro fenômeno popular, foi criado por Jim Davis em 1978. Em, 1959, foi inventado o maior sucesso de público de todos os tempos: a Mônica, de Mauricio de Souza.
A exposição termina na década de 1990 quando, segundo a mostra, os artistas brasileiros, sem mercado nacional e com belíssimos trabalhos em cores, invadem o editorial norte-americano, mostrando o potencial de seus desenhos, mas, muitos deles, sem revelar o nome verdadeiro do autor e nem o título original.
Alguns exemplos de capa de gibis na exposição que passaram por essa situação são: Lovecraft, RatedX, Death World, Retief e Paranoia. As 18 páginas do “gibizão” encerram sua história das histórias em quadrinhos com o questionamento: “Há futuro para o quadrinho brasileiro?”. Depois dos anos 1990, a história continuou. Em 2008, por exemplo, foi criada a “Turma da Mônica Jovem”, que movimentou novamente o mercado nacional. Mas a pergunta continua fazendo sentido.
O Vale
Publicado em: 17/04/2013